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Viagem de moto para Austrália

Que tal conhecer um país com magnífico cenário natural, terra de imigrantes e aborígenes? Um destino incrível para moto turistas e aventureiros do mundo todo

Texto: Egon Jenckel/Erivam Avellar
Fotos: Erivan Avellar/Edgard Coitat

De acordo com a Organização Mundial do Turismo, agência especializada das Nações Unidas, os brasileiros têm viajado cada vez mais ao exterior, devido ao aumento da renda, mobilidade social e iniciativas que favorecem o turismo e o crédito. O número de viagens dos brasileiros para o exterior cresceu 62% de 2000 a 2010, ano em que chegou a 5,3 milhões. No mesmo período, os gastos dos turistas brasileiros cresceram 325%. Em 2012, os brasileiros gastaram US$ 26 bilhões em viagens no exterior (considerando gastos com passagens), um recorde. Quase um terço das viagens para o exterior (1,9 milhão) tinha como destino a Europa, em especial Portugal, França, Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido.

E é correto dizer que nós, motociclistas, somos viajantes inveterados. Nas estradas de nosso país motos surgem a cada quilômetro. Pelas estradas da América do Sul, principalmente Chile e Argentina, motos com placas brasileiras são mais comuns (e em grande número) do que muita gente imagina.

Isso sem contar lugares que são ícones dos motociclistas: Rota 66, nos EUA, as incríveis e belas estradas italianas, as velozes autobahns alemãs e por aí afora.

No entanto, nem sempre a Austrália nos vem à mente quando pensamos em um tour de moto, talvez pela distância e preço da passagem aérea. Mas esse país recebe muito bem os brasileiros, possui excelente infraestrutura, boas empresas que atuam no segmento de moto turismo e muito mais. Para saber um pouco mais, e também ajudar em futuro plano de viagem, conversamos com Erivan Avellar, brasileiro que praticamente cresceu nas estradas e que atualmente reside na Austrália.

Erivan é morador da cidade de Perth, no estado de Western Australia, onde trabalha como supervisor em logística na área de projetos para a região da “Australásia” em uma empresa norte-americana de óleo e gás. Aventureiro por natureza, quando criança ele viajava de sul a nordeste do Brasil com seus pais. A partir daí, e apoiado pela família, ele colocou a primeira mochila nas costas e saiu para explorar o mundo. Já esteve em mais de 20 países. A frase motivacional que sempre carrega consigo é “Go hard or go home”, lido na parede de um “pub” australiano na cidade de Londres, onde morou em 2001. Veja abaixo as dicas de Erivan e comece a preparar sua trip para a Austrália.

V6, V8 e 4×4

“A Austrália é um país com magnífico cenário natural, terra de imigrantes e aborígenes que, em conjunto, transformaram o país em um hot spot para turistas e aventureiros do mundo todo.

Uns dizem ser a terra dos carros com motores V6 & V8 da marca Holden e Ford; outros, o país onde os veículos 4×4 imperam nas estradas, devido às grandes distâncias que separam suas cidades. Perth, cidade onde resido e capital do estado Western Australia, por exemplo, é considerada a cidade com mais de um milhão de pessoas mais remota do mundo. A capital mais próxima de Perth é Adelaide, em South Australia – aproximadamente 2.725 km; a mais longe, Darwin, em Northern Territory – aproximadamente 4.250 km.

Para aqueles que gostam de desbravar longas distâncias sobre duas rodas, não se acanhem! Este é o país ideal! Porem, você deve estar bem preparado para a grande “Australian Ride Experience” antes de botar o pé na estrada.

OS DESAFIOS

Os desafios do motociclista podem começar antes mesmo de ele embarcar, no Brasil. Certifique-se que tenha o visto correto e para o tempo desejado, bastante dinheiro, seguro de vida e saúde internacional, vacinas contra febre amarela e outras, e carteira de habilitação internacional.

Ao desembarcar na terra do aborígene e do canguru, a imigração é rigorosa e a quarentena é levada a serio. A tolerância às drogas é zero e declarar que transporta consigo qualquer tipo de comida é imprescindível. Qualquer falha na declaração pode acarretar multa, prisão, e até mesmo deportação.

Logo na chegada ao país, o fuso horário trocado (até 14 horas de diferença em relação ao Brasil) e o cansaço psicológico e físico de uma longa viagem irão afetar a primeira semana de sua aventura.

O idioma, por sua vez, pode ser uma barreira de comunicação com os “aussies” (como são chamados os australianos), principalmente se precisar de assistência mecânica ou acionar o serviço de emergência.

Para o conforto do piloto, todavia, a Austrália é um país de imigrantes e que recebe milhares de turistas anualmente. Possui um povo acolhedor e que estenderá as mãos em momentos de aperto. Há ainda tradutores e intérpretes a serviço das autoridades australianas, uma embaixada brasileira em Camberra e o consulado brasileiro em Sydney.

FINANÇAS

Preocupado com o custo de sua viagem? Digo de antemão que vale a pena cada centavo economizado para esta aventura.

Não tem moto? Pois bem, a locação ou até mesmo a compra de uma moto são suas alternativas. As motos não são caras na Austrália (se comparadas com o Brasil), e a compra e revenda podem ser negociadas com as lojas.

Lembre-se, porém, de que o custo de vida na Austrália é alto. Mesmo assim, há como economizar com o seu espírito de aventureiro.

Faça uso de campings ou durma em barracas pelo caminho. Está com as costas e o traseiro duros, e precisa de algo mais confortável? Use os albergues (hostels). Banheiros e chuveiros públicos podem ser localizados próximos às praias, parques, áreas de lazer ou principais pontos turísticos. Está com fome? O que não faltam são chapas elétricas para fritar uma carne ou salsicha, ou até mesmo fazer um café da manhã.

Nos pubs australianos, há os “deals” do dia – compre uma cerveja (pint) e ganhe um hot dog, ou um pedaço de pizza. Quem sabe ainda não conhece uma turminha para um bom bate-papo. Cupons são outras opções – compre um, ganhe outro; ou 50% de desconto na compra de um prato no restaurante.

Acha que precisa comer algo diferente e em conta? Abençoado chinês nestas horas – onde houver um “ching-ling”, haverá economia e abundância.

Confira a Parte 2 do roteiro.

*Matéria publicada na edição #172 da revista Moto Adventure.