Motociclista “entrega a chave” de sua Harley-Davidson V-Rod Muscle a customizador com poucas recomendações: tons de preto e novas tecnologias. Confira o resultado!

Texto: Guilherme Derrico
Fotos: Ricardo Kruppa

Carta branca para a customização

Customizar! Nos dicionários brasileiros essa palavra significa: atribuir caráter individual, pessoal ou particular; personalizar; tornar pessoal. Mas, o que isso tem a ver com o universo das motocicletas? Tudo! Cada vez mais os proprietários, apaixonados por suas motos, investem em sua customização, dando atenção especial a cada detalhe do veículo.

O motociclista paulistano César Botelho, de 39 anos, advogado, é um desses “malucos”, no melhor sentido da palavra, e queria uma moto mais agressiva e com visual único, totalmente para curtição. Para isso, ele deixou sua máquina para ser transformada por Jimmy Bello, proprietário da Hot Custom, e deu carta branca ao customizador. O projeto levou três meses para ficar pronto. “O César é um aficionado por carros e motos potentes e quis migrar de uma moto speed, que tem um índice de roubo muito grande, para uma motocicleta que não chamasse tanto a atenção, porém, que fosse capaz de se tornar algo muito particular”, diz Jimmy.

A moto original é uma Harley-Davidson V-Rod Muscle, que chegou à Hot Custom com baixa quilometragem, praticamente zerada. “A parte inicial foi a pintura, pois o dono da moto queria uma variação de tons pretos. Como ele queria abusar da tecnologia, eu desenhei um novo kit, todo em fibra de carbono, o que ajudou a melhorar o desempenho tanto do motor, quanto da pilotagem”, afirma Jimmy. Foi necessário criar um modelo em massa de modelar, com a ajuda de um designer e um escultor, que fizeram a peça em tamanho real, para sentir a veracidade do projeto. “Depois de feito o molde, foi criada a peça final, toda em fibra de carbono”, acrescenta.

Obra de arte em duas rodas

O customizador fez um corte na parte traseira para evidenciar o pneu de 240 milímetros. “A roda ganhou pintura personalizada para ajudar no design agressivo, não sendo necessário abrir mão do produto original”, explica. Jimmy conta que o escapamento foi totalmente refeito, com detalhes bastante interessantes. “O escapamento é todo de inox, com bocal de alumínio, capa perfurada com telas e uma manta de titânio”.

As pedaleiras foram importadas, os bancos feitos por um especialista do ramo, o Pedrinho (da Pedrinho Bancos), o guidão foi revestido com pintura exclusiva e os faróis construídos especialmente para este projeto. “Era um farol simples e eu fiz toda a capa dele, o que tem a ver com o design da moto. Ninguém tem esse farol no Brasil, ele é único!”, ressalta Jimmy.

Os para-lamas são originais, mas o customizador fez neles um corte, colocando uma tela inicial no bico. O radiador ganhou telas para obter um fluxo maior de ar e melhorar a refrigeração. A suspensão original foi substituída por um sistema a ar, para proporcionar mais conforto. “Eu quis colocar o botão de acionamento numa posição que desse um visual mais ‘racing’ possível, e o local escolhido foi em cima da caixa de filtro de ar. Nessa moto, o tanque de gasolina fica embaixo do banco do piloto. O próprio condutor consegue controlar a suspensão. É possível subir ou descer a suspensão estando ou não em movimento. Se ele quiser estacionar e ‘socar’ a motocicleta no chão, basta acionar o botão”, diz o dono da Hot Custom.

As manoplas fazem conjunto com as pedaleiras e foram feitas de alumínio. O motor recebeu um módulo de gerenciamento, que, aliado ao escapamento e ao filtro de ar aliviado, proporcionou um ganho de potência de 21 cavalos. “A moto ficou muito forte, por isso ganhou pastilhas de freio especiais e discos flutuantes, tudo para melhorar a frenagem. Visual arrojado e segurança nas freadas”.

Aceleradas e rock and roll

Rodrigo Bello Alecrim, mais conhecido como Jimmy Bello, de 42 anos, curte a cultura custom desde 1991, quando começou a se interessar pelo movimento rockabilly. “Foi uma época de curtição de adolescente. Como sempre gostei de Harley-Davidson, os assuntos se misturam. Em 1995 eu comprei uma  Honda CB 400, pois não tinha dinheiro para comprar uma Harley. Como a cultura da customização ainda não era muito popular no Brasil naquela época, decidi fazer alguns ajustes por conta própria. Daí, apareceram amigos pedindo para fazer um guidão igual ou um escapamento parecido. Esses amigos se multiplicaram e, hoje, a paixão se tornou um negócio. Já estou no ramo há cerca de 22 anos. Invisto bastante em máquinas e estou sempre atualizado no que há de melhor no mercado. Atualmente, a Hot Custom é a customizadora mais bem equipada do país. Nosso foco é fabricar motos que andem e não só sirvam para tirar fotografias. Aliar beleza e desempenho, essa é a ideia principal”, finaliza Jimmy.

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